quarta-feira, fevereiro 28

A FESTA

Cris voltou a escrever blog ano passado, Mardoux e as Monguetes recomeçaram essa semana. Uma verdadeira festa de novos blogs.

Ah, sim, a festa do aniversário? Foi legalzinha. Com algumas chateações, mas nada que comprometa, afinal não era assim tanto a festa do meeeeeeeu aniversário, mas a de toda uma turma da redação. Como o som, por exemplo, que depois da primeira banda ficou uma merda. E não deu tempo da última banda se apresentar e nem de eu chamar todo mundo que eu queria pra dar canja, porque a primeira banda, que era pra começar às nove, só entrou às onze e tantas. Ninguém nem notou nada, nem som, nem banda, nem canja e nem coisa nenhuma, mas como era eu que estava à frente( nunca aprendo a não arranjar sarna pra me coçar), me chateei um pouquinho.

E se você quiser que uma festa comece às nove, marque pra começar às sete. Por que? Porque os homens só chegam quando as mulheres chegam, e as mulheres não querem nunca ser as primeiras a chegar. Porque elas passaram horas se produzindo, e querem fazer uma entrada triunfal, movendo olhares e parando conversas. Chegar primeiro é coisa pra mulher feia, sem graça, sem charme, sem futuro, fora do mercado, totalmente desesperançada do amor e da vida.

Portanto, na próxima festa, além do som, da iluminação, da bateria e da fumaça, vou alugar também uma pequena multidão, assim só pra começar, depois o pessoal vai embora. Ou talvez fique mais barato uma multidão inflável, do tipo dos tanques de guerra falsos que os ingleses usavam na Segunda Guerra pra enganar os bombardeiros alemães. Deve haver algum serviço desse tipo já.

domingo, fevereiro 25

VERGONHA ALHEIA

Deve ter acontecido alguma catástrofe criativa na Disney pra eles lançarem "Wild" ("Selvagem" no Brasil) no ano seguinte ao de "Madagascar", da Dreamworks, sua atual arquirival.

Argumento básico de "Madagascar" (2005):
Turma de animais num zoológico de Manhattan, liderados por um leão gentil e civilizado, vão parar num lugar selvagem à procura de um membro da turma que foi parar lá por engano.

Argumento básico de "Selvagem" (2006):
Turma de animais num zoológico de Manhattan, liderados por um leão gentil e civilizado, vão parar num lugar selvagem à procura de um membro da turma que foi parar lá por engano.

Crê-lo-eis, pósteros? E a Disney costumava ser sinônimo de excelência em animação, pra dizer o mínimo. Não se deram nem ao trabalho de disfarçar muito: na turma de "Selvagem" também consta uma girafa igualmente civilizada e com medo da natureza, e no lugar ermo em que vão parar também tem nativos que dançam coreografias ritualísticas engraçadas e que no final se transformam em amigos da trupe.

E o gancho do desfecho é idêntico: o leão, atendendo ao chamado da Natureza, salva a pátria no último minuto despertando do seu sono civilizado e botando pra fora seus instintos selvagens. Cópia deslavada e descarada. A diferença é que "Madagascar" é muito engraçado, e "Selvagem" é muito chato.

O tratamento altamente realista que deram à concepção gráfica dos animais só fez acentuar a chatice. Os diálogos são piegas demais até para um tradicional filme "família" da Disney. Ainda bem que os pingüins de "Selvagem" se limitaram a apitar um jogo incompreensível ainda no zoológico e de lá não saíram. Seria demais querer imitar os impagáveis pingüins de "Madagascar".

Não é possível que tenha sido coincidência de roteiros, até o nome parece ter sido pinçado dos diálogos de "Madagascar", cujo leão tinha verdadeiro pavor ao "wild". E mesmo que fosse, absurdo dos absurdos, a Disney teria que cancelar o lançamento e refazer todo o filme.

Um desenho animado a ser esquecido, de cujo elenco de bichos insípidos só sobrou um grande mico.

quarta-feira, fevereiro 21

X+Y=Z?

Klimt, Rodin ou Gable, se é que ainda me permitem falar um pouco mais sobre mim próprio nesse pequeno porém sincero lago de Narciso, o fato é que eu sou uma criatura extremamente dispersa, ou como diziam as minhas professoras e tias (no meu tempo eram cargos distintos), muito demente. Divago ao menor estímulo. Por isso nunca consegui aprender matemática. Aliás, a bem da verdade, matemática pura e simples, com um certo esforço, eu ainda conseguia, mas quando entravam X, Y e Z na jogada, aí complicava, porque eu começava a querer ler aquela estranha poesia concretista e minimalista, e quando voltava a mim, ou no caso, aos outros, o professor já ia a léguas de distância com o resto da classe. Nunca houve solidão tão completa e desamparada quanto a minha numa aula de álgebra.

Sim, e daí?

Daí que tenho notado que as supracitadas (ou subcitadas, porque blog se acompanha de baixo pra cima) candidatas a serem beijadas de supetão se apresentam igualmente de supetão sempre em ambiente com música, seja mais frequentemente no Burburinho ou de ano em ano na Rua Bom Jesus. E quando tem música no meio, eu fico feito quando entravam as letrinhas na conta de multiplicar: eu começo a viajar na maionese, ou na mostarda, porque de maionese eu não gosto, e aí perco o fio da meada, o passo da dança, a sintonia fina, a malícia, a ginga, o charme e o veneno.

Outro problema extremamente grave que eu arrasto pela existência afora é um impulso irresistível de prestar realmente atenção ao que uma outra pessoa está dizendo. Que, para o caso de uma conversa entre amigos ou de uma polêmica entre inimigos, é um excelente hábito, mas no caso de um flerte, mostra-se fatal. Porque num flerte o que menos importa é o que se diz, importa mais o fato de se dizer uma besteira qualquer com uma certa entonação que significa uma outra coisa camuflada e subliminar. Ou seja, um simples "que horas são?" com a entonação e a expressão facial corretas pode significar "eu quero ter bisnetos com você", ou todas as gradações possíveis entre esse tresloucado gesto e simplesmente "ficar". Pois bem, embora eu esteja carequíssimo de saber disso, o meu impulso irresistível é de responder a hora certa, se é que vocês me entendem. Não se pode subestimar o número de mulheres provavelmente interessantes que eu perdi porque não me interessei pela dúvida dela de qual a cor de canudinho que eu gostava mais de usar na caipiroska.

Caso houve, ainda mais grave, de eu próprio começar um flerte com uma conversa fiada e a conversa ir ficando aos poucos cada vez mais séria, e a menina terminar me contando a história da vida, da morte e da ressurreição dela quase aos prantos. E isso em pleno Mad Pub, que é uma mistura bem equilibrada de Burburinho com Garagem. Não, definitivamente não me orgulho disso, é caso pra junta médica com camisa de força, porque beira a debilidade mental.

A única solução talvez fosse a de eu me mudar pra Salvador. Durante o Carnaval de lá não teria o menor perigo de eu ficar prestando atenção às músicas que lá gorgeiam, e talvez eu me tornasse mais célere em beijar. Isto é, se não morresse de tédio antes.

segunda-feira, fevereiro 19

FELINTO, PEDRO SALGADO, GUILHERME E FENELON

Ótima decisão de não ir ao Marco Zero e ver e ouvir Gal com a big band de Spok na minha big tv sentado no meu little sofá. Ouvir a Evocação n0 1 de Nelson Ferreira com essa banda e com essa voz, com o povaréu do Marco Zero cantando junto, foi de arrepiar e trazer lágrimas aos olhos. Spok é o nosso Tommy Dorsey.

KLIMT OU RODIN?

Definitivamente eu preciso atentar mais atentamente para a questão do beijo. As mulheres que querem que eu as beije invariavelmente me pegam desprevenido, e eu só caio em mim quando elas já foram embora, wondering if I'm gay or something. No Burburinho já não tem nem mais graça. A última foi domingo, uma criatura altamente beijável, que só faltou subir em cima de mim, mas eu estava em pleno carnaval em pleníssima Rua Bom Jesus, com uma reca de caricaturistas no quiosque dos cartunistas, com bandas de frevo e maracatu passando a dois metros de distância a cada dois minutos, um calor desgraçado, minha mãe e a sogra da minha sobrinha querendo ir embora e ligando pra minha outra sobrinha e ninguém se ouvindo no celular, claro.

Quer dizer, não precisa assim de uma certa concentração ou vai assim mesmo do jeito que sair?

BACO X TABACO

Smoking sucks big time. Nova mania: comprar vinho. Já tenho aqui em casa uma tuia de garrafas de chilenos, argentinos, italianos, brasileiros, pernambucanos, e até duas de francês. E umas garrafinhas pequenininhas de vinho português de 375 ml, equivalente a uma lata de coca-cola, do milênio passado: 1997 e 1999. Vou guardar essas pra tomar com a próxima special person que inevitavelmente virá with the wind. Soooo cozy!

BREVITY IS THE SOUL OF WIT

Fui ver dia desses no cinema "A Grande Família", a qual costumava me matar de rir na televisão na década de 70, e que agora fizeram um excelente remake, coisa rara. Nada mau, mas o problema do cinema nacional, tanto em comédia quanto drama, continua sendo a subestimação da inteligência do público. Tudo, falas e imagens, tem que ser esfregado na cara do espectador, para que ele não perca nada e nada deixe passar. Aí no decorrer do filme esse timing vai ficando cada vez mais maçante, o que dá a impressão que todo filme nacional tem sempre quinze minutos a mais do que deveria, seja de que tamanho for.

ASSOCIAÇÃO MNEMÔNICA

Toda vez que que eu vejo pela televisão o carnaval nas ladeiras de Olinda eu me lembro de Mardoux e da banda americana de pop rock 10.000 Maniacs.

LUCY IN THE SKY WITH DIAMONDS

Semana passada eu fui visitar uma prima minha que agora está morando sozinha, e no final da conversa ela me confessou que está gostando tanto que começou a ficar com receio de se acostumar e não querer casar mais. É, acontece.

OLHAI OS GATOS DORMINDO

A coisa mais excitante que pode acontecer na vida de Molina é eu fazer uma bola de papel para ela sair jogando futebol pela sala afora. Toda vez que ela ouve o barulho de papel sendo amassado, ela vem correndo e fica me olhando ansiosa, como se eu estivesse prestes a realizar uma incrível mágica. Eu jogo a bolinha e ela voa como uma flecha pra pegar.

Outro dia peguei na internet um textinho bastante edificante, que dizia que quando um gato dá um bote num passarinho e não consegue apanhá-lo, não fica se lamentando, se desculpando ou botando a culpa nos outros. Simplesmente volta a dormir tranqüilamente e espera a próxima oportunidade.

Como bem dizia Fernando Pessoa: "Os homens não sabem mais do que os animais, sabem menos. Os animais sabem o que precisam saber. Nós não."

sexta-feira, fevereiro 9

ATUALIZANDO ATUALMENTE O ATUAL BLOGART

Ainda outro dia estávavamos eu, Biamorim, Charlotte e um simpático amigo das duas, ao qual fui apresentado na ocasião, almoçando no Paço Alfândega, quando uma outra amiga minha avistou-me de longe e me mandou um torpedo no celular dizendo exatamente isto, que estava me avistando de longe. Depois, quando nos encontramos de novo, ela me disse que achou divertido me observar durante alguns minutos conversando animadamente ao mesmo tempo com as duas meninas e com um emo.

Com um que...?
Fiquei intrigado com a terceira personagem, mas entrou uma conversa pela outra e não deu pra saber ao que ela se referia. Depois disso foi emo pra todo lado, eu ouvia as pessoas chamarem as outras dessa forma, lia em revistas e jornais a referida alcunha, mas não sabia o que era nem a que vinha. Quando eu perguntava às pessoas, assim meio como quem não quer nada, para não sublinhar demais a minha santa ignorância, o máximo que eu conseguia de definição é que eram seres humanos que usavam uma franjinha de lado.

Como assim franjinha?
Então os Beatles e os Rolling Stones eram emos?
Inexistem emos africanos?
Eu nunca vou conseguir ser um emo, a não ser só durante alguns poucos segundos ao emergir da piscina?

Pois hoje eu resolvi radicalizar no interrogatório, pára tudo que eu quero saber o que porra é essa. Depois de uma ou outra vaga descrição, consegui arrancar uma explicação mais concisa do editor do Caderno C, o qual, como todos os outros editores de cadernos culturais de jornais, tem como missão na Terra estar a par das últimas frescuras da humanidade.


Não, não se trata de uma sigla E.M.O, assim como se fosse A.I.D.S, O.N.U ou T.P.M.

Também não é como se chama o marido da ema, prima latina do avestruz africano.

Tampouco denomina só as pessoas que usam franjinha de lado ou de frente, pois assim não seria a definição de um determinado grupo de pessoas, mas de um penteado.

Ah, então quer dizer que emo é a definição para um determinado grupo de pessoas?

Emo na verdade é a abreviatura de emotional ou de emotive, expressões da língua inglesa que, caso ainda não tenha deduzido por si próprio, significam respectivamente emocional e emotivo.

Então a minha avó, que é uma uma pessoa emotiva, é uma ema, ou melhor, uma emo?

Vamos com calma, não exatamente. Para ser um autêntico emo, você também tem que se vestir preferencialmente de preto.

Preto? Por que preto?

Porque preto, na cultura ocidental, é uma cor triste, de luto, e esse emo, de emotional, não vai assim englobando indiscriminadamente todas as emoções, mas só as tristes. As alegres e raivosas ficam de fora.

Vai ver que é por isso que só tem um terço do nome?

É possível.

Então aqueles metaleiros que se vestem de preto são emos?

Não, porque as músicas que você vai ouvir com a sua tribo de emolóides serão também igualmente tristes e angustiantes, provavelmente as descendentes diretas daquela safra de punks ingleses dos anos oitenta.

E o que mais eu preciso fazer pra me tornar um emo?

Mais nada.

Só isso?

Só. Ah, sim, usar uma franjinha de lado também sempre ajuda.