quinta-feira, janeiro 25

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sexta-feira, janeiro 12


Ouch! Posted by Picasa

MEIO SÉCULO SEM O CÍNICO SENTIMENTAL

Domingo que vem vai fazer 50 anos da morte de Bogart.

If you don't get in that plane you will regret it. Maybe not today, maybe not tomorrow, but soon, and for the rest of your life. Posted by Picasa

Of all the gin joints, in all the towns, in all the world, she walks into mine. Posted by Picasa

Ilsa: -Kiss me. Kiss me as if it were the last time. Posted by Picasa

Ugarte: -You despise, don't you? Rick: -If I gave you any thought, I probably would. Posted by Picasa

I stick my head out for nobody. Posted by Picasa

segunda-feira, janeiro 8

PEDRA DO REINO DA DINAMARCA

Sinceramente eu acho que Ariano Suassuna deveria parar de dar entrevistas para a televisão. Ainda mais quando são essas entrevistas relâmpago a título de falar tudo sobre o nada em um mísero espaço de tempo, como essa do Fantástico do domingo passado. As aulas-espetáculo dele são divertidíssimas, e embora não se concorde com todas as posições que ele toma, geralmente é garantia de pelo menos boas gargalhadas. Mas do jeito que foi conduzida por Geneton Moraes, a entrevista deixou Ariano parecendo um velho decadente, ranzinza e gagá, o que ele definitivamente não é. Geneton fez uma entrevista pautada, chapa branca, de cartas marcadas, com uma entonação postiça de quem já sabia a resposta e que só estava levantando a bola pra Ariano chutar. Ariano por sua vez tentava imprimir o humor que reina em suas palestras, mas tudo o que conseguiu foi esgarçar um sorriso amarelo e amargo. Melancólico e de uma pobreza de espírito franciscana, para dizer o mínimo.

Declarar que a Disneylândia é o maior monumento à mediocridade do mundo, depois da pergunta conduzida de bandeja por Geneton, foi quase surreal. Como assim? Por que justamente a Disneylândia? Eu nunca fui lá, mas que eu saiba é uma empresa de entretenimento infanto-juvenil muito bem organizada, que nasceu do espírito empreendedor de um cara que veio de baixo e que deve ter ralado um bocado pra chegar onde chegou. Qual é o problema? Ficou mal, muito mal. Ficou parecendo os escravos rindo à socapa dos sinhozinhos, que Machado relata no início do conto "Missa do Galo". Passou recibo de subdesenvolvido. O mesmo quando começou a desancar Michael Jackson e Madonna, e sobrou até pra coitada da Estátua da Liberdade. Ou seja, aparentemente, na opinião do escritor, qualquer coisa que tenha origem nos Estados Unidos da América é ruim e medíocre. Michael Jackson e Madonna têm músicas muito ruins, músicas mais ou menos e músicas muito boas, como qualquer compositor. Se existe um rolo compressor de marketing por trás deles, isso são outros quinhentos e não deve de forma alguma influenciar no julgamento da arte em si, ainda mais no de um intelectual como Ariano Suassuna.

Mas a Rede Globo fez Ariano pagar esse mico kinguekônguico porque está interessada em promover uma minissérie sobre o livro de autoria dele "A Pedra do Reino", que vai ao ar no meio do ano. Mas isso é bem típico da emissora, que não faz nada de graça, tudo é direcionado pra vender desodorante no horário nobre e sabão em barra no horário pobre. Chegou certa vez a fabricar do nada uma barulhenta e escandalosa série de reportagens sobre imigrantes brasileiros ilegais nos Estados Unidos, como se fosse a maior novidade do mundo, só para promover uma telenovela com esse tema que estava pra começar. É o rabo abanando o cachorro, fundo do poço ético do jornalismo. VADE RETRO.

domingo, janeiro 7

STIRRED, NOT SHAKEN

He is tall,
and he is dark,
and like the shark
he looks for trouble
that's why the zero is double
Mr. Kiss Kiss Bang Bang!

Desta feita ele é igualmente tall, mas não é dark. Botaram um galego pra ser 007 em Casino Royale. Galego sem sobrancelha e com cara entalhada a golpes de machado, como um vilão de filme dos anos 60. Brabo que só um siri na lata, não tem muita conversa não, com ele o Bond voltou a ser kiss-kiss-bang-bang a la Sean Connery. Aliás, ele é bem mais truculento do que Connery, que assassinava com igual volúpia, mas tinha umas deixas muito mais irônicas. O galegão é mais pé-no-bucho-mão-na-cara. E não é nenhuma experiência alternativa não, parece que o tal do Daniel Craig veio pra ficar, pelo menos por uns bons três ou quatro filmes. A cabra já comeu o cartão de ponto de Pierce Brosnan, que ficou meio sem entender, inconsolável, coitadinho, foi demitido por telefone. Mas não é pra menos, eu também, se levasse um buraco de 40 milhões de dólares no orçamento, ficaria assim pra lá de chateado. Não há de ser nada, Pierce, Sean também saiu e depois voltou a ser o agente secreto mais fuderoso do planeta. Pior foi George Lazemby, que só fez o primeiro que deu origem à série (007 a Seviço de Sua Majestade) e depois sumiu no buraco negro do anonimato.

E eles fizeram questão de bagunçar a tradição de 007: não tem artefatos tecnológicos mirabolantes apresentados no início do filme, Bond não liga se o seu drink é stirred ou shaken, e não apenas fica despenteado depois das brigas como também todo arranhado. E o arquivilão não tem nenhuma explicação ou discurso na indefectível hora da tortura, vai direto ao ponto, e bota direto ao ponto nisso, numa sequência que ambiciona entrar para a antologia do cinema. Aliás, falar no início do filme, pelo menos mantiveram firme a tradição de fazer aberturas espetaculares, desta feita um primor de animação gráfica bi-dimensional com elementos de cartas de baralho. Vou ver de novo só pra ver a abertura. Mas acho que vou ficar mais um pouquinho, vale a pena ver de novo a perseguição de... carro? jet-ski? lancha? jatinho? Não: a pé! Expresso canelinha, mas que deixa o freguês na ponta da cadeira.

Mas que o cara tem cara de James Bond num tem não, hein? George Clooney, se fosse inglês, seria a escolha óbvia, cogitaram até Jude Law, mas aí resolveram radicalizar e chutar o balde logo de vez e botaram o vilão do outro lado do balcão. Mas a mulherada que foi comigo adorou, é meio feioso mas resolve as broncas, toooodas elas, o que deve garantir a próxima safra de Craig. Até lá a gente vai se acostumando com a cara de bandido de filme de caubói dele.

sexta-feira, janeiro 5

O RESTO É SILÊNCIO

Existe uma grande diferença entre uma estrela de cinema e uma atriz de cinema. Julia Roberts é uma estrela de cinema, porque as pessoas (eu incluso) vão ver Julia Roberts representando Julia Roberts-Vivian, a linda mulher, ou Julia Roberts-Erin Brokovich, etc. Já Meryl Streep é uma grande atriz de cinema, porque alguém pode dizer que ela repetiu maneirismos e cacoetes pseudo-charmosos em, digamos, "a Escolha de Sofia", "As Pontes de Madison", "Silkwood" e "O Diabo Veste Prada"?

Este último então, uma comédia dramática (ou um drama jocoso, se preferirem a nomenclatura operística), o que era pra ser uma caricatura de uma grã-fina fria e sem alma ela transforma, com magistrais sutilezas de gestos, expressões faciais e entonação de voz, em uma personagem de profundas dimensões humanas, uma mulher presa em um opressivo labirinto de convenções do qual ela não quer sair, porque quem pontifica quais são as convenções é ela própria. Ela é encarcerada e carcereira, para a qual a vida privada é apenas mais uma convenção a ser seguida. Uma vilã que se transforma em heroína sem trair as próprias convicções.

A escolha óbvia para o seu correspondente masculino me parece ser Anthony Hopkins, embora não tenha conseguido manter a mesma regularidade de Meryl. Mas se compararmos as personagens de Hannibal Canibal com o mordomo de "Remains of the Day" e com o aristocrata arruinado de "Retorno a Howard's End", dá pra sentir que o cara é um ator de verdade, e não um membro do sindicato dos atores maneiristas, cujo santo padroeiro é sem dúvida alguma Humphrey Bogart. Jack Nicholson é um maneirista, ele representa sempre Jack Nicholson, e quem gosta de Jack Nicholson vai pro cinema ver Jack Nicholson. Eu gosto e vou. Até em "Melhor Impossível", o melhor que ele fez ultimamente e no qual ele foi condecorado com a dúbia honra de um Oscar, ele era Jack Nicholson fazendo o papel de um Jack Nicholson neurótico obssessivo.


O mesmo se aplica atualmente pra Al Pacino. Depois dos dois primeiros Godfathers e de "Um Dia De Cão" (Attica...! Attica...!!), ele estacionou em Al Pacino e agora só sabe fazer Al Pacino. O terceiro Godfather não se trata mais de Michael Corleone, mas de Al Pacino brincando de mafioso, e por isso que é uma porcaria. A "escolha de Sophia" Coppola transforma a porcaria numa grande pocilga caça-níquel, mas estávamos falando de atores e atrizes. Por incrível que pareça, Tom Cruise ensaiou decolar como ator aqui e acolá e terminou se embolando pelo meio do campo, mas aí também já era querer demais. Mel Gibson não se importou muito com o rótulo de estrela maneirista e resolveu fazer "Hamlet", mas basta comparar a modulação de voz dele com a do jovem Laurence Olivier, ainda em preto e branco, dizendo um simples "the rest is silence..." para saber do que eu estou falando. Woody Allen transformou o próprio maneirismo em mais uma grande piada, chegando ao cúmulo de dirigir atores que imitam os seus cacoetes, uma maneira meio espírita de atuar nos filme sem estar neles.

Glenn Close tem os seus momentos, mas a melhor atriz do cinema atual, e uma das melhores de todos os tempos, é definitivamente Meryl Streep.

segunda-feira, janeiro 1

NADA A DECLARAR, TESTIFICO E DOU FÉ

Luzes da cidade, trânsito, engarrafamento na praia, apartamento, salgadinhos, uísque, champanhe, abraços, beira-mar, abraços, fogos de artifício, abraços, felizes anos novos, toca pro Marco Zero, celular, celular, celular, celular, encontros esperados e inesperados, paqueras, vingancinhas bestas, mais fogos, shows inócuos e iníquos, bar, cerveja, gargalhadas, olho no olho, mão na mão, beijinhos, mais encontros esperados e inesperados, caronas, casa. Um inventário de coisas sobre as quais eu não vou escrever.