sábado, junho 24
domingo, junho 18
PANEGÍRICO ONÍRICO
O Rio faz parte dessa categoria de cidades que são como a lua, não importa quantas vezes você veja, sempre vai ficar perplexo. É a cidade mais espetacularmente bonita do planeta, simplesmente não tem pra ninguém. Peço humildemente licença aos cariocas pra me orgulhar da cidade, afinal ela também fica no meu país.
quinta-feira, junho 8
DRAMA GIOCCOSO - PARTE 2
segunda-feira, junho 5
DEFLECTIVE SHIELD WILL BE DEACTIVATED WHEN WE HAVE CONFIRMATION OF YOUR CODE TRANSMISSION. STAND BY.
De vez em quando eu tenho surtos de implicância com a astrologia. Essa última foi que eu resolvi encher o saco da subeditora da revista dominical do Jornal pra fazer uma matéria séria sobre o assunto confrontando um astrólogo com um astrônomo. Ela disse que a revista tinha uma coluna fixa de astrologia e iria ficar esquisito. Repliquei que estava configurado portanto que a revista dominical do Jornal era voltada para o público feminino, não existem colunas fixas de astrologia na Playboy, na Veja ou na Exame. Ela treplicou que não era, pois a matéria de capa do próximo número era ensinando aos homens a cuidar da barba. Quadrepliquei que então era voltada para o público feminino e para o público gay.
Na verdade eu até que acho a astrologia simpática, dá uma aura de mistério e magia ao universo frio e impessoal. Só me irrita quando o astrólogo (que geralmente é gay) diz que é uma ciência. E ainda acrescenta que é uma ciência milenar, como se isso fosse adicionar alguma credibilidade. Primeiro: pra ser uma ciência teria que ser feito um exaustivo e conclusivo estudo sobre a parede abdominal ou do útero, pra saber se constitui um escudo defletor de influências gravitacionais dos astros. Pois se a criança é gerada em Peixes e vai nascer lá em Capricórnio, ela teria que estar imune a toda influência dos astros durante o período de gestação, senão iria nascer com múltipla personalidade. Chato, não? Tira toda o charme da coisa, mas ciência é assim mesmo. Segundo: ciência milenar? Pergunte ao seu astrólogo se ele, que Deus o livre e guarde, contrair uma doença grave, vai querer se tratar num hospital que use a ciência de três séculos atrás ou em um outro que use a ciência de três semanas atrás. Não vale a pena refutar esse paradoxo.
Mas minha teoria secreta, que eu não revelo pra ninguém, é que a astrologia atrai mais as mulheres e os gays porque trata-se de uma religião (ou um sistema de crenças, o que dá no mesmo) da qual se tirou a espinha e se deixou só o filé. É impregnada de boas intenções cósmicas e místicas, mas não há um Deus pessoal e consciente pra administrar todos esses turbilhões transcendentes e fluxos de influências astrais. É autogestora, autopune e autopremia com a imutável e termodinâmica lei do aqui-se-faz-aqui-se-paga. A figura inevitável, em qualquer estrutura de código moral, de um Deus julgador, ao qual se tem que prestar contas face a face, é às vezes incômoda demais. Para os gays, coitados, porque carregam eternamente a culpa da própria condição. E para as mulheres, essas sim, culpadas de estarem eternamente enganando os pobres homens.