segunda-feira, junho 5

DEFLECTIVE SHIELD WILL BE DEACTIVATED WHEN WE HAVE CONFIRMATION OF YOUR CODE TRANSMISSION. STAND BY.

De vez em quando eu tenho surtos de implicância com a astrologia. Essa última foi que eu resolvi encher o saco da subeditora da revista dominical do Jornal pra fazer uma matéria séria sobre o assunto confrontando um astrólogo com um astrônomo. Ela disse que a revista tinha uma coluna fixa de astrologia e iria ficar esquisito. Repliquei que estava configurado portanto que a revista dominical do Jornal era voltada para o público feminino, não existem colunas fixas de astrologia na Playboy, na Veja ou na Exame. Ela treplicou que não era, pois a matéria de capa do próximo número era ensinando aos homens a cuidar da barba. Quadrepliquei que então era voltada para o público feminino e para o público gay.

Na verdade eu até que acho a astrologia simpática, dá uma aura de mistério e magia ao universo frio e impessoal. Só me irrita quando o astrólogo (que geralmente é gay) diz que é uma ciência. E ainda acrescenta que é uma ciência milenar, como se isso fosse adicionar alguma credibilidade. Primeiro: pra ser uma ciência teria que ser feito um exaustivo e conclusivo estudo sobre a parede abdominal ou do útero, pra saber se constitui um escudo defletor de influências gravitacionais dos astros. Pois se a criança é gerada em Peixes e vai nascer lá em Capricórnio, ela teria que estar imune a toda influência dos astros durante o período de gestação, senão iria nascer com múltipla personalidade. Chato, não? Tira toda o charme da coisa, mas ciência é assim mesmo. Segundo: ciência milenar? Pergunte ao seu astrólogo se ele, que Deus o livre e guarde, contrair uma doença grave, vai querer se tratar num hospital que use a ciência de três séculos atrás ou em um outro que use a ciência de três semanas atrás. Não vale a pena refutar esse paradoxo.

Mas minha teoria secreta, que eu não revelo pra ninguém, é que a astrologia atrai mais as mulheres e os gays porque trata-se de uma religião (ou um sistema de crenças, o que dá no mesmo) da qual se tirou a espinha e se deixou só o filé. É impregnada de boas intenções cósmicas e místicas, mas não há um Deus pessoal e consciente pra administrar todos esses turbilhões transcendentes e fluxos de influências astrais. É autogestora, autopune e autopremia com a imutável e termodinâmica lei do aqui-se-faz-aqui-se-paga. A figura inevitável, em qualquer estrutura de código moral, de um Deus julgador, ao qual se tem que prestar contas face a face, é às vezes incômoda demais. Para os gays, coitados, porque carregam eternamente a culpa da própria condição. E para as mulheres, essas sim, culpadas de estarem eternamente enganando os pobres homens.

3 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Tu és muito cismado com a astrologia! :P

11:00 AM, junho 09, 2006  
Anonymous Anônimo said...

...e com os gays, diga-se de passagem...

4:05 PM, junho 09, 2006  
Blogger Blogart said...

Nem com um e nem com outro, ladies, vocês não lêem o que escrevo? Simpatizo com uma e me solidarizo com os outros, desde que não queiram me convencer que astrologia é ciência e desde que não venham com viadagem pro meu lado.

12:04 PM, junho 13, 2006  

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