sábado, maio 20

SALTO ALTO EM PARIS

Acabei de ver o "Código da Vinci". Entra em campo com o mesmo salto alto religioso do "Senhor dos Anéis", ou seja, um filme feito para os já convertidos pelo livro, e não para arrebanhar novos adeptos. Morno, morno. Os atores mumificados recitam fielmente o evangelho segundo Dan Brown, com um ou outro caco pseudohumorístico aqui e ali. Até a trilha sonora segue o mesmo catecismo do "Senhor dos Anéis" de ser linear e inalterável, não importa o que esteja acontecendo na tela, seja uma reunião de pessoas conversando, uma perseguição de carros em alta velocidade, um casal se beijando ou um tiroteio. Como a dizer: ora, você vai adorar esse filme de qualquer jeito porque você adorou o livro, portanto eu não preciso me esforçar muito pra acentuar as intenções narrativas das cenas com uma trilha sonora adequada, trate de se emocionar aí na cadeira e fim de papo. Mas para não dizer que não falei de flores, o elenco foi perfeitamente escolhido, justamente por ser o mais óbvio: O eterno nerd Tom Hanks pra ser o historiador, Alfred Molina pra ser o bispo espanhol, Jean Reno, o José Lewgoy da França, como o delegado francês troglodita, e aquela atriz francesa bonitinha mas insossa que eu não sei o nome pra ser a Sophia. Só o monge albino que não bate bem com o imaginário do leitor, era pra ser mais monstruoso, e pintaram um mauricinho bonitinho de branco e mandaram ele se fingir de louco religioso. Não colou e só serviu pra contribuir pra mornice do filme. Mais uma vez, saudades do "Nome da Rosa", no caso, o filme de Jean-Jacques Annaud.