segunda-feira, outubro 31

AS TIME GOES BY

Eu não sou Cris não, mas também encontro tesouros escondidos: a gerente do Unibanco que me atendeu hoje se chamava Grayci Kelli.

quinta-feira, outubro 27

PITECANTROPUS ERECTUS

Não adianta, não importa o quanto você diga que não faz diferença, mais dia menos dia o seu namorado vai querer saber se o pau do seu namorado anterior era maior ou menor que o dele.

sábado, outubro 22

UNDERSIZE ME

Ontem finalmente levei minha sobrinha Elis pra comprar o presente de aniversário dela, um CD player com rádio am/fm e MP3. Só fomos achar esse treco nas Lojas Americanas, e de uma marca também inusitada: Brittania, é, aquela dos ventiladores. Outra surpresa: na hora de lanchar no McDonald's, pude comer um saquinho de deliciosas cenouras cruas cortadas à maneira das batatas fritas, numa embalagem escrita "Cenouritas do Ronald". Parece que o filme "Supersize Me" cutucou a onça com vara curta. As garçonetes comemoraram às gargalhadas, fui o primeiro e único cliente a pedir as tais cenouritas. Eu não pedi de sacanagem, eu realmente adoro cenoura, chegava a levar pro lanche do colégio quando era criança, apesar dos comentários extremamente maldosos dos meus colegas de classe.

quarta-feira, outubro 19

COKE ADDS JOY TO EVERYTHING

Cris, participo-lhe e comunico-lhe que já testei e aprovei a nova Coca Light. Até porque não tem diferença nenhuma da anterior, a não ser talvez por uma pequena acentuação do sabor da canela. Mas como essa acentuação pode se dever justamente ao fato do lote de refrigerantes ser recém produzido, existe a possibilidade de a única coisa realmente nova ser o rótulo.

A MALDIÇÃO DE DRÁCULA

Hoje fui dormir às 9 da manhã. E acordei às 5 da tarde.

sábado, outubro 15

NOSSO HOMEM EM HOLLYWOOD

Não é Walter Salles Jr., é Fernando Meirelles. Imprimiu a sua marca "Cidade de Deus" no thriller "O Jardineiro Fiel" (John Le Carré) com elegância, sem se repetir e sem violência explícita. Moço competente. Ralph Fiennes mata a pau no papel do fleumático diplomata, e Rachel Weisz como Tessa é a coisa mais sexy que já aconteceu nas telas nesse milênio. Afffis!

quinta-feira, outubro 13

ESCANCAROU DE VEZ

Agora foi o legista de Celso Daniel, Carlos Delmonte Printes, que foi encontrado morto. Com um bilhete pedindo pra ser cremado sem autópsia. Um legista pedindo pra não se fazer autópsia, era só o que faltava. Foi evidentemente assassinado pelo mesmos que mataram os outros seis relacionados com o caso, além do próprio prefeito Celso Daniel, claro. Isso tá ficando pior que a máfia siciliana, já não estão mais nem se dando ao trabalho de disfarçar.

quarta-feira, outubro 12

ALLEGRO DE ALBINONI

Finalmente aconteceu: deu hoje na CBN, dia da padroeira do Brasil, que foi escolhido o santo padroeiro da Internet: São Giacomo Albinoni. Giacomo, que viveu na virada do século XVIII pro XIX, pelo nome, deve ter sido na Itália, recebeu uma ordem divina pra divulgar a fé através de todos os meios possíveis. Só deu ele na cabeça. Desbancou, entre outros medalhões, ninguém menos que o Anjo Gabriel, é, ele mesmo, o mensageiro de Deus que levou as boas novas pra Virgem Maria. Só falta agora o Vaticano ratificar a escolha, mas haverá de ratificar, se não surgir nenhum impedimento legal ou embargo de terceiros.

segunda-feira, outubro 10

TEMPUS FUGIT

Sexta-feira, eu no plantão de fechamento do jornal, Leo, o guitarrista da banda, me liga e diz que vai zoar pelo Antigo com Lucas e qualquer coisa eu desse o toque. Tradução livre porém fiel: ele ia ficar zanzando pelo Recife Antigo com o irmão, procurando alguma festa ou aventura ou ambos combinados, e quando eu largasse do trabalho ligasse pra ele pra me juntar ao bando. Eu estava com um cansaço mortal de um acúmulo de mil e uma noites mal dormidas por causa de um frila interminável como as histórias de Sherazade, e um plantão na sexta no JC não é exatamente um lenitivo pra uma alma exaurida. A minha cama me chamava, mas ainda assim eu cismei que tinha que mostrar e entregar uns cartazes pra Leo divulgar na UFPE a festa de aniversário da banda no dia 1 de novembro, e também tomar uma cerveja pra desacelerar e poder dormir mais rápido. Três da manhã ligo eu pra Leo e nada de ele atender. Deduzi que não rolou nada no Antigo e eles resolveram ir pro Garagem, e a balbúrdia de lá não deixou Leo ouvir o celular. Pra quem não conhece o Garagem, não ouso descrever depois da descrição de Debbie, que me fez ficar fã do blog dela e cujo fac-símile vai aqui reproduzido sem autorização da autora:

Pelo ambiente amoquifado da foto, acho que esse povo tava no Garagem...A propósito, o que é o Garagem, hein? Nesta semana, li uma chamada num jornal local que anunciava com pompa "Tal banda lança... (não sei o quê, DVD, CD, fita-demo, pôster, sei lá) no Garagem". O leitor desavisado não imagina do que se trata esse local amundiçado e insalubre. Uma noite, passei de carro com uma amiga, aí disse, "...aqui no Garagem...". Ela: "Garagem, onde? Onde é esse bar que eu não tô vendo?" Eu: "É aí!" Ela: "Onde?" - "Aí!" Ela: "Isso aí?! Pensei que o nome fosse só uma brincadeira...". Ela achou que fosse algo como Fiteiro ou Boteco, onde você não encontra o que o nome sugere. No caso do Garagem, é meio como se o bar se chamasse Chiqueiro, e você chegando lá encontrasse os porcos e as galinhas vagando livre e divertidamente por entre as mesas. Sugiro, assim, ao dono do Garagem, o bonitinho mala, que radicalize e alopre de vez colocando os mecânicos para consertar carros, motos, bicicletas, enquanto rolam os "concertos" de bandas alternativas e enquanto o povo enche a caveira de cachaça, mais ou menos como aquelas noites performáticas dos anos 70.

É isso aí. Continuando. Passo na frente do Garagem e nada de Leo. Paro no posto de gasolina ao lado e ligo de novo. Ele atende, bêbado como um gambá bêbado, e me pergunta onde estou eu:
–Cadê você?!?!?
–Tou aqui no Garagem, kct. Cadê tu?
-Tou aqui no Segundo Jardim. Tem mulher aí?
-Caracas! Em Boa Viagem? Claro que tem mulher aqui, tem mulher em todo canto, inclusive aqui. Aliás, tem duas até que bem bonitinhas se beijando na boca aqui perto do meu carro. Peraê, fica peixe aí que eu vou-me embora pra casa.
-Tou indo praí com Lucas!
E desligou. Fudeu. Bom, daqui que eles cheguem, dá tempo de ir no Bompreço 24 horas da Rosa e Silva comprar pão francês e pasta de dentes. Deu tempo sim, voltei pro Garagem e resolvo entrar de vez. Dou de cara no balcão imediatamente com Minininha, vulgo Karina, quase já uma host informal do lugar, com seus longos cabelos vermelhos de Guinevere . Ela se abraça demoradamente comigo, e fica me dizendo: -Miguel... eu te amo... eu te amo muito, muito, muito mesmo. Tradução livre porém fiel: -Miguel.... eu estou bêbada... eu estou muito, muito, muito bêbada mesmo. Decidi que o jeito era ficar bêbado também, e já fui embarcando na cerveja e no cigarro dela, Free, que é fraco, mas pra quem não fuma, dá tonteira. E nada de Leo. Minininha: –Leo está vindo? E o irmão dele , o do nariz lindo? –É, estão vindo ambos, Leo e o nariz lindo. E nada de eu ficar bêbado. Dei um cartaz pro Dr. Octopus do balcão, ele imediatamente agarrou com um dos tentáculos e já colou com durex numa prateleira cheia de garrafas e pegou uma cerveja e mudou um cd e acendeu um cigarro de um cliente e botou gelo numa vodka e tirou outra cerveja do freezer e mudou outro cd e sumiu por uma porta de madeira estragada e retornou com garrafas vazias, um cyborg com Duracell. Chega Leo: -Êêêê, ó a Capitão Gancho ali, porra! -É, o cartaz do niver, porra! Ei, Minininha, óaquê, toma o teu nariz, porra! Jogo Lucas pra cima dela, eles ficam conversando, ela embevecida com o nariz. Bota Led Zeppelin aê, porra! Porra de anos 80 o caralho! Eu tinha moral pra pedir Led, dois cds piratas com coletâneas eram doações minhas. Passa um gigante de barbicha que adora Led. Fica aí, não vai embora não, vai tocar Led. Não acredito, êêêita porra! Mermaum, cadê o Led? Duracell faz sinal com a mão que daqui a pouco bota. Passa uma moreninha, amiga de Leo, vocalista de uma banda que também toca Led. Eu a reconheço e dou o mesmo conselho: fica aí, não vai embora, vai tocar Led. Ela dá gritinhos e pulinhos de alegria e fica mesmo. O gigante diz que só pode ficar se eu der carona pra ele, o amigo dele estava indo embora exatamente agora, fica aí, porra, eu te levo. Beleza então. Subitamente Duracell ataca de Communication Breakdown, pauleira total. Eu, o gigante e a moreninha ficamos aos pulos cantando, ela sabe a letra de cor, eu ainda não, eu me viro pra Leo, tá vendo aí, seu porra, precisamos ensaiar essa também. Leo: - peraí, deixa eu sair daqui, vai rolar beijo. -Hã? Quando olho pra moreninha, ela já está em pleno trabalho de cio, com um olhar lânguido e dançando sem tirar a vista de mim. Mas já? Cacilda, deve ser influência da ilha de edição da MTV, com aquela montagem aos pulos, eu tenho 42 anos, preciso de mais tempo! Ainda mais que eu não consegui ficar nem perto de bêbado e o dia está amanhecendo, o céu através dos buracos das telhas de amianto quebradas começava a ficar da cor do cabelo de Minininha. -Você é o vocalista da Capitão Gancho? –É, sou, e eu vi você uma vez dando canja de Led com a Má Companhia na segunda feira do Burburinho. –Foi mesmo? Gostou? –Gostei. Já viu algum show da Capitão? -Não, nunca. –Vem aqui no carro, vem ouvir a gente tocando Immigrant Song. E foi exatamente o que fizemos, fomos ao carro e ouvimos a Capitão Gancho tocar Immigrant Song. E depois Rock and Roll. E depois Whole Lotta Love. O dia amanhece de vez. Ela: -Vou fazer xixi. Eu, num limbo de cansaço e sono, boto uns óculos escuros e volto pra Minininha no balcão, Leo e Lucas já tinham sumido. Minininha: -Preciso tirar a lombra antes de dirigir... vou dormir ali no sofá...! Lembro da minha doce cama, que a essas alturas já estava rouca de me chamar, coitada. -Não, menina, acaba com essa história de dormir bêbada nesse sofá, qualquer dia desses tu vai parar nas páginas policiais da Folha. E fui levando ela em direção ao carro dela. Quando a moreninha viu que eu trazia Minininha pelo braço, passou pro banco de trás, com a cara emburrada, o que me deu uma idéia. Eu:
-Minininha, vamos lá prá casa, tu dorme lá, eu te faço café da manhã.
–Que café de manhã o quê, porra... eu só vou acordar lá pras 4 da tarde...
–Então te faço almoço e jantar.
-É uma boa... então eu vou... mas eu não quero atrapalhar... tem certeza que não vou atrapalhar...? E fez sinal com os os olhos pro banco de trás.
-Não, não, não vai atrapalhar em nada, kct. Ela atravessa a rua em direção ao carro dela. –Vamos lá, pô, tu num tá podendo dirigir, e eu não quero comer ninguém. –Não, não vou atrapalhar, tu vai ter que pelo menos dar uns beijos nessa mulher, senão eu te cubro de porradas!. E não foi. Quando volto, a moreninha está de volta no banco da frente. O gigante nos vê no carro e diz: aí, cara, valeu, vou embora a pé mesmo. E se afasta olhando desconfiado e andando de costas, como se se afastasse da cena de um crime. Era O Processo de Kafka às avessas, tudo conspirava a meu favor. Vambora então, que os guardas já começaram a multar os carros em cima das calçadas e os mecânicos já começavam a chegar, pois, Debbie, embora não saibas porque nunca ficaste no Garagem até as 8 da manhã, lá funciona de fato uma oficina, só que os mecânicos dormem em horário de gente decente. Engato a primeira e lá vamos nós pela Rua Amélia. A moreninha:
-Aquela menina estava dando em cima de Leo. Leo não tem namorada?
–Tem sim, mas ela não estava dando em cima de Leo não, o negócio dela é com Lucas. Leo é fiel.
–Que nada, meu instinto feminino me diz que ela está a fim de Leo.
Ah, bom, quem sou eu pra duvidar de uma coisa tão cartesiana quanto um instinto feminino.
–Qual a tua idade?
–Eu tenho 42, e você?
-Tenho 21.
-Ih, eu tenho exatamente o dobro da tua idade!
–Tem idade de ser meu pai!
–Pois é, tenho idade de ser teu pai, portanto me respeite.
- Meu pai tem 65, e é separado da minha mãe. Eu não gosto dos carinhas da minha idade, só fazem tomar drogas e tocar punheta.
–Tu faz faculdade?
-Não, vou fazer vestibular esse ano.
–Pra quê?
–Letras.
–Minha ex-mulher era formada em Letras, com especialização em inglês.
–Eu também pretendo fazer inglês.
–Legal, tu já canta Led Zeppelin.
-É. Tu também canta. Tu vai no nosso show no dia 15? Começa às quatro da tarde.
-Putz! Matinê? Canto, mas não pretendo ser profissional.
-É porque tem mais quatro bandas se apresentando. Eu pretendo sim, ser profissional, viver de música, tenho 21 anos, deixa eu sonhar.
-Pode sonhar, não paga nada. Vou sim pro show, claro. Me avisa no dia. Vai dizendo aí onde é tua casa.
-Vira à esquerda na próxima. É aqui. Passou. Dá uma rezinha. Aqui, massa. Me dá o teu celular. Pronto, anotei. Tu é show de bola.
-Beleza, um beijão, querida. A gente se comunica.

Minha cama, aqui vou eu, finalmente, e vou poder me espalhar à vontade. Leo não levou cartaz nenhum, porque a UFPE continua em greve. Não aconteceu nada, mas mesmo assim eu sou show de bola. Quer mais o quê?

quinta-feira, outubro 6

ARMA VIRUMQUE CANO

Minha mãe foi na delegacia, viu um monte de celulares e de bolsas, mas nenhum deles pertencia a ela. Pediram a ela pra voltar no outro dia pra dar um depoimento contra os ladrões e aumentar a pena deles, mas ela estava com o carro na oficina e não foi. Mas também pela quantidade de bolsas e celulares eles deverão, ou deveriam, pegar prisão perpétua. Lá se foi meu celular grátis. E esse referendo da proibição da fabricação de armas? Já defendi e ataquei com inflamada veemência ambos os pontos de vista. Ou seja, tudo o que sei é que nada sei.

terça-feira, outubro 4

SETÚBAL TOCOU O TROMBONE

Minha mãe me liga hoje e diz que reconheceu os ladrões na televisão. Pegaram os caras, tem até uma mulher no meio. É uma quadrilha chamada "Assaltantes de Setúbal", donde se conclui que eles estavam seguindo minha mãe desde que ela saiu de casa ou do bairro. Fiquei de ligar pra um delegado amigo meu, que já foi delegado em Boa Viagem e agora é vereador em Moreno, pra ver como ela pode recuperar o celular. E dar o celular pra mim, claro, que ela já comprou outro. Não percam cenas dos próximos capítulos.

domingo, outubro 2

MSN & CRIS

Fernanda do Vida Bizarra (link ao lado) postou um texto sobre o MSN que não é dela, mas, pra quem usa o programinha (não é o meu caso), vale a pena conferir. E Cris (link idem) retoma as crônicas familiares, mas olha aeh, Cris, se serve de consolo, não é só tu que tem a mãe doida.

TROPICALIENTE

Sábado passado, não esse, o anterior, minha mãe foi assaltada às sete da noite quando estacionou o carro na frente do edifício do meu irmão. Um cara arrancou-lhe a bolsa e outro apontou-lhe um revólver e pediu a chave do carro. Ela arretou-se, chamou o cara de cabra safado e jogou a chave do carro longe. O cara do revólver foi buscar a chave, e quando voltou minha mãe ainda estava chamando ele de safado e gritando por socorro. Em vez de dar-lhe um tiro e matá-la ou deixá-la paraplégica, como manda o manual do assaltante em caso de reação, o cara do revólver limitou-se a dizer: "cala a boca, sua porra louca!" e a dar-lhe um soco no estômago, fazendo minha mãe cair de bunda no chão e perder os óculos. Se fosse um assaltante americano, inglês, alemão ou suíço, seguidor de regras, lá me ia agora ficar órfão de mãe também, que de pai já sou desde 1 ano de idade. Mas como era um indisciplinado e tolerante brasileiro, tudo que ela tem agora é uma dor no peito que só dói quando ela respira e uma dor na bunda que só dói quando ela senta. Viva o povo brasileiro!