quarta-feira, fevereiro 21

X+Y=Z?

Klimt, Rodin ou Gable, se é que ainda me permitem falar um pouco mais sobre mim próprio nesse pequeno porém sincero lago de Narciso, o fato é que eu sou uma criatura extremamente dispersa, ou como diziam as minhas professoras e tias (no meu tempo eram cargos distintos), muito demente. Divago ao menor estímulo. Por isso nunca consegui aprender matemática. Aliás, a bem da verdade, matemática pura e simples, com um certo esforço, eu ainda conseguia, mas quando entravam X, Y e Z na jogada, aí complicava, porque eu começava a querer ler aquela estranha poesia concretista e minimalista, e quando voltava a mim, ou no caso, aos outros, o professor já ia a léguas de distância com o resto da classe. Nunca houve solidão tão completa e desamparada quanto a minha numa aula de álgebra.

Sim, e daí?

Daí que tenho notado que as supracitadas (ou subcitadas, porque blog se acompanha de baixo pra cima) candidatas a serem beijadas de supetão se apresentam igualmente de supetão sempre em ambiente com música, seja mais frequentemente no Burburinho ou de ano em ano na Rua Bom Jesus. E quando tem música no meio, eu fico feito quando entravam as letrinhas na conta de multiplicar: eu começo a viajar na maionese, ou na mostarda, porque de maionese eu não gosto, e aí perco o fio da meada, o passo da dança, a sintonia fina, a malícia, a ginga, o charme e o veneno.

Outro problema extremamente grave que eu arrasto pela existência afora é um impulso irresistível de prestar realmente atenção ao que uma outra pessoa está dizendo. Que, para o caso de uma conversa entre amigos ou de uma polêmica entre inimigos, é um excelente hábito, mas no caso de um flerte, mostra-se fatal. Porque num flerte o que menos importa é o que se diz, importa mais o fato de se dizer uma besteira qualquer com uma certa entonação que significa uma outra coisa camuflada e subliminar. Ou seja, um simples "que horas são?" com a entonação e a expressão facial corretas pode significar "eu quero ter bisnetos com você", ou todas as gradações possíveis entre esse tresloucado gesto e simplesmente "ficar". Pois bem, embora eu esteja carequíssimo de saber disso, o meu impulso irresistível é de responder a hora certa, se é que vocês me entendem. Não se pode subestimar o número de mulheres provavelmente interessantes que eu perdi porque não me interessei pela dúvida dela de qual a cor de canudinho que eu gostava mais de usar na caipiroska.

Caso houve, ainda mais grave, de eu próprio começar um flerte com uma conversa fiada e a conversa ir ficando aos poucos cada vez mais séria, e a menina terminar me contando a história da vida, da morte e da ressurreição dela quase aos prantos. E isso em pleno Mad Pub, que é uma mistura bem equilibrada de Burburinho com Garagem. Não, definitivamente não me orgulho disso, é caso pra junta médica com camisa de força, porque beira a debilidade mental.

A única solução talvez fosse a de eu me mudar pra Salvador. Durante o Carnaval de lá não teria o menor perigo de eu ficar prestando atenção às músicas que lá gorgeiam, e talvez eu me tornasse mais célere em beijar. Isto é, se não morresse de tédio antes.

6 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Se fosse um gato não estaria arrependido. Dormiria e esperaria uma nova oportunidade. :P
Da próxima tu beija logo. Talvez até as não beijáveis se tornem beijáveis após a audácia.
Vai ter bolo de rolo?

3:39 PM, fevereiro 21, 2007  
Blogger Marcia Furriel said...

Mas que idéia de demente essa, a de se mudar pra Salvador...hehehe

Esse assunto é um daqueles que pode ser pensado durante toda uma eternidade, sem nunca se chegar a alguma conclusão. Faça como o gato, como disse Fabiana.

beso

9:50 PM, fevereiro 21, 2007  
Blogger Blogart said...

Pois é, é o que dá ser humano, demasiadamente humano. Mas como disse no primeiro post sobre o assunto, vou ficar mais atento aos passarinhos que pululam na minha frente pra dar o próximo bote.

9:58 PM, fevereiro 21, 2007  
Anonymous Anônimo said...

Chamaram-me de SamanthaBabyGirl ao resolverem que Maria de Fátima seria um nome muito católico para a vida que eu escolhera.

Com amor,

Charlotte Moura Dubeux

1:37 PM, fevereiro 23, 2007  
Anonymous Anônimo said...

Ahá. Finalmente a Charlote resolveu assumir em público o seu verdadeiro dom. Só falta a publicação da foto. Aquela... Aquela com o livro... :P

1:39 PM, fevereiro 23, 2007  
Blogger Lilly Falcão said...

discretíssimo tu em salvador! ;) cheio de melanina, né gringa?;) bjo

2:43 AM, março 03, 2007  

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