terça-feira, abril 17

PANEGÍRICO DO PÃO

Semana passada, quarta-feira, meianoitemeia, redação, bate a fome. Pergunto a Jair do tratamento de imagem se tem alguma coisa na budega do Bita pra se beliscar. Ele sumiu nas trevas do laboratório fotográfico e voltou com um pão. Um simples e puro pão, puro no sentido também de não ter nada dentro, só pão, sem manteiga, mortadela ou queijo. Era um pão que parecia um pão doce, mas não era doce, entre retangular e arredondado, e bem tostado. Delicioso pão. Jurei aos meus deuses que no dia seguinte eu ia comprar daquele pão, porque a padaria dos portugueses aqui perto de casa, que apesar de ser padaria e ser de portugueses, não faz pão que preste. Eu sabia vagamente onde Bita comprava aquele pão, era numa merceariazinha perto de uns edifícios de frente pro Rio Capibaribe e Oceano Atlântico, que sempre que eu passava por lá no meu jogging mensal ficava enchendo o saco dos porteiros, perguntando se tinha apartamento pra alugar, pra vender, quanto era o condomínio, etc. e nunca tinha nem pra alugar e nem pra vender, quem tem não sai, e quando alguém sai já aluga no outro dia, me repetiam os porteiros em uníssono.

Não tinha pão, mas tinha apartamento. De frente pro rio e mar. Décimo sétimo. A dona era uma mulher, e já tinha uma mulher na minha frente pra alugar, só se ela desistisse. Fui ver assim mesmo. De fato era apartamento de mulher para mulher, todo cheio de minúncias e praqueissos, tetos de gesso rebaixados com iluminação indireta, essas coisas. O porteiro da vez me deu o celular do outro porteiro, que era quem estava cuidando dos contatos dos aluguéis, e ele disse que a coisa estava quase fechada com a mulher que queria alugar. Quase. Isso na quinta, na sexta e no sábado fiquei ligando pra confirmar se eu tinha chance ou não com aquele tão cobiçado apartamento, e nada do desgraçado atender. No domingo à noite escapuli do jornal e fui pessoalmente na portaria acabar de vez com aquela agonia. Fui me aproximando e tinha um cara deixando o cartão com o porteiro e dizendo pra qualquer coisa ligar pra ele. Fui prevendo o pior: a mulher tinha desistido e alguém tinha chegado de novo na minha frente.

Nem uma coisa e nem outra. A mulher não desistiu, e aquele cara era proprietário de um apartamento no décimo andar, também de frente pro crime, e estava alugando. Subi com ele, olhei o apartamento bem básico, de homem pra homem, mais barato do que o do décimo sétimo, aluguei e me mudo em breve. Nem só de pão vive o homem.

3 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Ainda bem,que estas coisas não acontecem apenas comigo...rsrsrs.[Eu já estava preocupada!}Sorte prá vc.xeiro.

8:51 AM, abril 17, 2007  
Blogger Robelix said...

Tava sem ter o que fazer (nada contra o seu blog vir aqui nessa situação!), tomando umas latinhas da Brahma, e que deus proteja my body and soul amanhã, ou me arranje mais dinheiro pra comprar cerveja decente, que o inferno da SOL e BElCO estão cada vez mais perto, e acabei descobrindo as coisas...

Também já tive esse sonho de consumo de morar na beira do rio e barato, mas também nunca consegui, nem de mulher pra homem nem de homem pra homem nem de viado, que aí tem muito, pra homem, e por aí vai, mas enfim, quando for rolar a festa do cabide de inauguração favor enviar carta registrada com firma reconhecida e vê se bota logo uma rede nas janelas pra não dar vontade de pular de vez em quando!!!

10:09 PM, abril 20, 2007  
Anonymous Anônimo said...

Ainda não se mudasse????
vai logo!

11:02 AM, abril 22, 2007  

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