segunda-feira, abril 23

BEM-AVENTURADOS OS QUE SE VÊEM DE UM JEITO SÓ

Na sexta fui com Ronaldo, meu confrade cartunista que também é arquiteto, lá no ap novo pra ele dar pitacos arquitetônicos. E hoje, domingo, fui sozinho lá pra lubrificar a tranca da grade de entrada do corredor, que divido com o meu vizinho de lado, que deve ser masoquista ou halterofilista, pois estava quase inexpugnável. E também levar um desenho meu que estava dentro do meu carro há dois anos. Quando vocês virem o tamanho do desenho saberão porque, simplesmente não cabia dentro do ap antigo. Também não coube no novo, mas pelo menos deu pra estender no chão da sala vazia pra desamassar. É um cartaz em vinil do Festival do Humor de 2005 que botaram na frente da Torre Malakoff, de uns quinze metros de altura por uns cinco de largura, e no qual tem um palhaço-véio-do-pastoril de minha autoria, que eu estou querendo botar na parede da sala. O palhaço é bem menor, mas também não vai caber, vou ter que capar a sombrinha-sorriso e deixar só a bengala, ou cortar um pedaço da bengala, breve saberemos.

Mas o melhor de tudo foi que conheci a mãe de Jesus, que não se chama Maria, mas Nita. Impossível esquecer, é o mesmo nome da minha ex-sogra. E Jesus, que deverei conhecer depois, também não dá pra esquecer, né? Ambos me serão de grande valia quando começarem os festejos e comemorações de inauguração do ap, pois realizarão o milagre da multiplicação das cervejas: eles são os donos da barraca da frente.

Margarida, jornalista e baladeira de plantão, que também trabalha no JC e também mora sozinha no Alfredão, foi quem me recomendou. Disse que eles são super gente fina, fazem fiado e não se importam se a gente demora a devolver os cascos vazios de cerveja. Essa tá pra mim. Resolvi ir logo testar a boa vontade de Dona Maria, digo Dona Nita, e fui lá tomar uma coca light só com 50 centavos no bolso. Barraca arrumadíssima, mais parece um barzinho, todo em cerâmica, bem iluminado, e tem até uma escultura assim meio modernosa adornando o balcão da frente. Apresentei logo as minhas credenciais de amigo de Margarida e de novo futuro morador do Alfredão, e ela me tranqüilizou dizendo que não tem problema nenhum, depois você traz o resto, aquela menina é de ouro, gosto muito dela, a gente só vê ela de um jeito só.

Essa última frase, "a gente só vê ela de um jeito só", para aqueles não familiarizados com o nosso cockney, significa que ela está sempre de alto astral e bem-humorada. No que ela fazia muito bem, segundo Dona Nita, pois da vida não se leva nada.

Concordei plenamente, e perguntei a que horas ela fechava, informação importantíssima. Ela disse que fechava todo dia à meia-noite (nada mau), mas que hoje, como era domingo e estava chovendo muito, ia fechar às dez. Dez horas da noite... num domingo... e chovendo desse jeito... não vai trazer nada de bom. É melhor recolher, amanhã tem mais freguês, se Deus quiser.

Concordei de novo, mais plenamente ainda, e me despedi, jurando ajoelhado aos pés da cruz que, se depender de mim, freguesia não vai faltar.

5 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Ainda não se mudasse??? Tá fazendo reconhecimento de terreno. :)

10:05 AM, abril 30, 2007  
Blogger Blogart said...

Oxe, pra que pressa, essa inimiga da perfeição?

5:37 PM, abril 30, 2007  
Blogger Marcia Furriel said...

ainda bem que vc explicou, eu tava aqui tentando entender a frase! Quero ver FOTOS do apê!!!
bj

10:55 PM, abril 30, 2007  
Blogger Ana Rec said...

Boa sorte no "apê" novo! Que seja palco de muitos bons momentos e q vc tenha vizinhos silenciosos! [que c tenha, não eles! ;) ]

6:12 PM, maio 05, 2007  
Blogger Mandrey said...

meu ídolo, morando em plena Rua da Aurora? informação preciosíssima!

7:53 AM, maio 21, 2007  

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