domingo, dezembro 17

VEM KAFKA COMIGO

Os homens gostam de, digamos assim, quase que de se vangloriar de não entender as mulheres. Citam geralmente a famosa frase de Freud:
"Afinal, o que querem as mulheres?"
Frase fora de contexto, claro que Freud entendia as mulheres. É muito fácil entender o que querem as mulheres. Elas querem a mesma coisa que os homens: poder. Dê uma olhada na sua biblioteca, quantas mulheres tem lá? Clarice Lispector, Florbela Espanca, Rachel de Queiroz, Agatha Christie, Simone de Beauvoir. Quando muito. Agora olhe pros seus cds: nenhuma compositora, só cantoras cantando as músicas dos homens. Pegue um livro de arte, quantas pintoras? Tarsila. Você se lembra do nome de alguma mulher ganhadora do Prêmio Nobel? Madre Teresa de Calcutá, Nobel da Paz, salvo engano. Golda Meir também ganhou? Não lembro, parece que sim. Ou foi Indira Gandhi? Da Paz, sempre da Paz. De Física ou de Medicina, nem pensar.
Tens idéia, macho, de que tipo de opressão monstruosa isso é? De que outro jeito as mulheres alcançariam o poder, se não pelo terrorismo do processo kafkiano do amor? Eu, se fosse mulher, faria exatamente a mesma coisa.