DIE HARD

Continua acirrada a campanha de todo mundo em geral e das mulheres em partircular contra o meu celular. Trata-se de um Nokia antenado, aquele que quando alguém vai desenhar um cartum de um celular, desenha ele. Ele foi, e ainda é, o meu primeiro celular. Na verdade foi o segundo, mas o primeiro passou comigo apenas exatas 24 horas. Habilitei na sexta às 4 da tarde em ponto e às 4 da tarde em ponto do sábado deixei em cima de um táxi, enquanto procurava o dinheiro pra pagar. Está passeando até hoje, e isso foi em janeiro de 2002. Portanto, eu considero esse atual, se é que me permitem lançar mão dessa liberdade poética de chamá-lo de atual, o meu primeiro. Comprei no Hiperbompreço de Casa Forte, e no mesmo dia que comprei deixei a caixa com nota fiscal e tudo no balcão de uma lanchonete 24 horas de um posto de gasolina, mas como eu era freguês antigo o cara guardou pra mim, e desde então somos inseparáveis. Já troquei de bateria algumas vezes e uns dois meses atrás passou quase uma semana na oficina. Estava recebendo umas mensagens de civilizações remotas, antigas ou extraterrestres, e volta e meia a tela se cobria de hieroglifos etruscos ou marcianos. Trocou-se um circuito eletrônico qualquer e aí está ele de novo, firme e forte, pronto para mais um quinquênio. Mas nesse fim de semana quase que eu sou seduzido pelo canto das sereias. Fomos ver o El Mocambo no Pedra de Toque e eu resolvi dar pra minha mãe guardar. Como o Pedra de Toque é assim mais chique e mais caro, minha mãe estava com uma bolsa minúscula e disse que não cabia. No de Elis, minha sobrinha de 19 anos, também não coube. Tive que botar na de Solange, que como foi comunicada de última hora que iria nos acompanhar, não teve tempo de escolher a menor bolsa possível. Terminei esquecendo dentro da bolsa dela. E ontem estava no cinema, e como ele não cabe dentro do meu bolso da camisa, deixei-o no colo. Fui me ajeitar na poltrona e o bicho escorregou pra debaixo da fila da frente. E no exato momento em que eu estava me arrastando no chão pra alcançar o bicho, Mário Baterista Truculento me manda uma maldita mensagem apipipipitada dizendo que ele e Leo estavam me esperando no Burburinho, e todo mundo faz ssshhhhhhhh! Comecei a considerar a possibilidade de trocar por um menor. A Claro me mandou uma carta há um tempo atrás me informando que eu tinha um bônus de cento e tantos reais pra trocar de aparelho. Fui lá hoje e a moça do computador me disse que a promoção era só até o dia 31, por causa do dia dos pais, etc., mas ainda assim ela me mostrou uns modelos novos, Motorolas, Siemens e Samsungs, com câmera digital, vídeo e internet, visor colorido e metade do tamanho e do peso do meu. Terminei não me decidindo por nenhum, mas fiquei de voltar lá, porque esqueci de pegar o número do Samsung dobrável com Internet da moça do computador, que tinha um um sorriso muito bonito.