quarta-feira, julho 19

O ESCRIBA FARISEU

Olhaí pra vocês que dizem que eu implico com astrologia, eu já contei aqui a história do dia em que eu escrevi um horóscopo? Não? Pois foi assim:
Antigamente, antes da invenção dos computadores pessoais e da Internet, as palavras cruzadas, as tiras de quadrinhos, o jogo dos oito erros e o horóscopo do jornal nosso de cada dia eram enviados por uma agência especializada em distribuir essas coisas. Só que teve um dia que deu um bode lá no telex, no fax deles ou coisa que o valha, e a tal agência farrapou. O editor do Caderno C ainda era Marco Polo, e eu notei ele aperriado andando de um lado pro outro perguntando se já tinha chegado. Perguntei o que era, e ele me disse que estava na hora do fechamento e as coisas da agência não chegavam, já ligamos pra lá e tal e nada. O jogo dos oito erros, as palavras cruzadas e os quadrinhos podem ser reeditados com alguns do mês passado, mas o horóscopo não dá, senão avacalha e perde toda a credibilidade. Eu disse: deixa comigo, vai cuidar do fechamento da edição.
Nesse tempo eu era recém-casado e morava num apartamento térreo na Várzea, que tinha quintal com gramado e árvores e tudo, parecia uma casa. Assim como a minha querida amiga Mardoux, felinófila perante o Eterno, eu criava um monte de gatos e gatas, que iam procriando e iam ficando, e quando dei fé já era negócio pra bem uns dez. Minha esposa ficava puta da vida porque os gatos se infiltravam pelos combogós da sala e ficavam dormindo em cima do sofá, soltando pêlos, rasgando o estofamento, etc. Ela de vez em quando se arretava e corria a gataria na base de vigorosas vassouradas. E eu sabia que ela, apesar de intelectual e literata, dava uma olhadinha no horóscopo todo dia.
Sentei numa Olivetti, peguei uma lauda com timbre e marcação de linhas e sapequei um horoscopês básico nos outros signos (grandes expectativas, surpresas amorosas, dificuldades de comunicação, regente Mercúrio, aborrecimentos profissionais, etc.) e quando cheguei no dela, legislei em causa própria: "Você que é de Virgem, já é tempo de tratar melhor os animais domésticos, principalmente os felinos, que eram sagrados no Egito Antigo. Já foi cientificamente provado que acariciar um animal de estimação acalma os nervos e elimina o stress."
Por toda a eternidade os gatos do Recife vão ficar me devendo essa. Os meus continuaram a levar regularmente as suas vassouradas de praxe, só que, talvez, com menos vigor. Ainda devo ter esse recorte de jornal em algum lugar.

12 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Hahahahhahahahahah, muito boa essa dos felinos do Egito!
Adorei!

E eu que não posso ter felinos em minha casa agora? O condomínio não me deixa, e meu vizinho písico me esfola viva caso apareça um miadinho dócil ecoando pelo corredor....Ai de mim!

Bjs

p.s.: Pra mim é CObogó, sem "m". Mas pode ser que haja os dois.

3:03 PM, julho 20, 2006  
Blogger Mandrey said...

eu também sou astrólogo! previ essa tua inclinação para o mal logo que te conheci... SÓ NO MIGUÉ, né safado?!!! EU TAMBÉM ACREDITAVA NO HORÓSCOPO!!!

4:19 PM, julho 20, 2006  
Blogger Blogart said...

Aparentemente cobogó faz mais sentido, pela origem do nome que são as iniciais dos sobrenomes dos caras que o inventaram, que por sinal, segundo soube, eram daqui do Recife.


Combogó
Chamado também de elemento vazado, é feito de concreto ou cerâmica e limita os ambientes sem impedir a entrada de ar. Foi inventado por três engenheiros-arquitetos brasileiros, na primeira metade do século, que o batizaram com a união de suas iniciais: Coimbra, Boeckmann e Góis.
fonte:
http://br.geocities.com/andrepcgeo/dicionarioB.htm

Cobogó
Nome comercial dos elementos vazados que tem origem nas iniciais dos sobrenomes dos engenheiros que o desenvolveram, ou seja: Coimbra, Boeckmann e Góis. Em algumas regiões é chamado, popularmente, de combogó.

fonte:http://www.cehop.se.gov.br/orse/esp/ES00067.pdf


Arquitetura Moderna no Nordeste 1960-70: a produção de Borsoi em João Pessoa. Influências pernambucanas e necessidade de preservação

Na década de 1950, houve uma renovação e ampliação do quadro de arquitetos e engenheiros que produziam em João Pessoa. Dentre os profissionais que aqui se instalaram, “destacam-se Roberval Guimarães, Mário Di Láscio e Leonardo Stuckert Filho” (2). Entretanto, devido à proximidade geográfica, muitos arquitetos radicados no Recife absorviam grande parte das encomendas de projetos arquitetônicos em João Pessoa, entre eles estavam Acácio Gil Borsoi, de origem carioca, Delfim Amorim, de origem e formação portuguesa, e Carlos Carneiro da Cunha, paraibano, formado pela Escola de Belas Artes do Recife.

Nesse período, observa-se uma produção arquitetônica significativa, tanto extensiva quanto qualitativa. A nova linguagem arquitetônica adotada sofria influência do modernismo europeu, em especial de Le Corbusier, e seguia os exemplos das obras realizadas no Rio de Janeiro por Lúcio Costa, Afonso Reidy, Carlos Leão, M. M. Roberto, entre outros e em Brasília quando a obra de Niemeyer exerceu grande influência sobre a produção moderna local.

Em João Pessoa a Arquitetura Moderna recebia influência mais direta dos arquitetos atuantes no Recife e utilizava todas as adaptações climáticas e recursos tecnológicos inclusive o uso dos combogós, elementos vazadas, brise-soleil, adaptados a partir das pesquisas realizadas por Luís Nunes. Estes últimos, até hoje, são elementos importantes na arquitetura local.

fonte: http://www.vitruvius.com.br/arquitextos/arq063/arq063_02.asp


Prédio da Caixa d'Água
Localização: Rua Bispo Coutinho s/n.o- alto da Sé - Olinda

Construída em 1934 com projeto do arquiteto Luís Nunes, a ´Caixa d'Água do Alto da Sé é um marco da arquitetura moderna brasileira. O uso de pilotis, a forma pura da construção, a utilização de uma fachada cega e outra totalmente vazada de luz foram utilizadas posteriormente por Niemeyer nos edifícios de Brasília. Nesse edifício foi utilizado pela primeira vez no Brasil o combogó como elemento decorativo de iluminação e ventilação.

fonte:http://www.ferias.tur.br/informacoes.asp?localidade=5362

4:39 PM, julho 20, 2006  
Blogger Blogart said...

Só no Malandrey!!!

4:40 PM, julho 20, 2006  
Blogger Blogart said...

Mardy, estás desgateada?!?!? Que judiação!

4:41 PM, julho 20, 2006  
Anonymous Anônimo said...

Nuoooooossa, santa sabedoria arquitetônica, Batman!!!

Morria e não sabia que o cobogó (eu falo assim) era invenção de engenheiro-arquiteto brasileiro. Mais uma pra expor no botequim! E aquela caixa d'agua de Olinda, vamos e venhamos, e o ó! E olha que eu sempre fui da facção "corbusiete" da faculdade.

Estou afelinada. Ai de mim. Mas vou toda semana (quase) na casa da mamma apertar todos os meus sobrinhos e minha filhinha Titi.


Besos

9:51 AM, julho 21, 2006  
Blogger Blogart said...

Tu chegou a ver a dita cuja caixa dágua? Um cartunista que trabalha aqui no jornal comigo, que também é arquiteto, disse que a única razão por que ela ainda não foi demolida é que foi nela que foi usado o primeiro combogó do Brasil. Eu nunca a vi mais gorda nem mais magra. Tudo isso aí em cima eu achei na web, por isso citei as fontes. Só sabia que o co/combogó tinha sido inventado aqui no Recife e que eram iniciais, mas não desconfiava dos nomes dos gênios inventores.

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Também já faz tempo que estou desafelinado, mas sempre que tenho oportunidade faço um xamego em algum gato vira-lata no meio da rua. Tem uma gata preta que circula nas cercanias do Ébano, apelidada de Pretinha pelos vigilantes e zeladores, que já me conhece e se esfrega nas minhas pernas quando vou chegando, mas anda meio sumida porque teve filhotes.

1:58 PM, julho 21, 2006  
Anonymous Anônimo said...

POis a tal da caixa d'agua fica lá no Alto da Sé, se não me engano, o mesmo local da fatídica casa que o povo alugou pra passar um carnaval certa feita. Todo dia eu ia comprar tapioca na feirinha e lhava pra ela. A rodada do carteado também acontecia na frente da dita. Impossível não lembrar.

Eu adoro cobogós.

bjs

2:19 PM, julho 21, 2006  
Blogger Blogart said...

Ah, sim, claro... até porque aquele Carnaval foi inesquecível, né?

10:31 PM, julho 22, 2006  
Anonymous Anônimo said...

kkkkk...eu me lembro dessa comédia...e lembro também que nesse very dia, o signo de PEIXES teve umas predições bem legais tipo VOCÊ VAI GANHAR NA LOTO e vai ENCONTRAR-SE COM O AMOR DA SUA VIDA! Eu, nascida no mermu dia, espero até hoje!!! Os gatos recifanos agradecem mas as GATAS nem tanto, visse? Tsc, tsc...
Horoscopista Tabajara é o Ó DO BOROGODÓ!!![:p]

4:09 PM, julho 23, 2006  
Blogger Blogart said...

Mas sister, eu de última hora substituí ganhar na loto por encontrar os dois amores da sua vida: Ziro e Digá!

5:33 AM, julho 24, 2006  
Anonymous Anônimo said...

Saída de "Lupe Lebú" - Zuimmmm pelas esquerdas! Dois amores e Lisa! Humpft. Negoçaço. Pergunta a eles como é bom!!!

1:47 AM, julho 25, 2006  

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