domingo, abril 13

REBIMBOCA DA PARAFUSETA

Indoutro dia o meu carro começou com um barulhinho estranho na roda dianteira da esquerda. Barulhinho vai, barulhinho vem, fui adiando, e eis que um dia, ou melhor, uma noite, o barulhinho recrudesceu, virou um barulhão e travou a roda. E eu estava numa rua remota, em um dia de domingo bem tarde da noite, sem sinal de vivalma ao redor, posto de gasolina e oficina então nem pensar. Fui pra frente, dei uma ré, fiz uma reza, e depois de alguns ruídos de parafusos e porcas sendo passados num liquidificador e um estridente som metálico, a roda fica livre. Desci do carro e fui ver o estrago. Me deitei no chão e fui fuçar embaixo do carro. Aparentemente normal, o único estrago evidente era a grande mancha de lama na minha roupa. Foi quando eu dei fé de uma haste metálica de uns trinta centímetros a alguns metros do carro. Fui pegar pra ver se era alguma peça do carro que tinha caído. Estava quente, era. Pronto, agora deu. E como vou pra casa agora sem saber de onde veio essa peça, e muito menos recolocá-la de volta? Mas eis que veio um anjo do Senhor numa carruagem branca me socorrer e trazer a respostas para os meus temores. Dei com a mão, parei o táxi e perguntei se ele sabia o que raios vinha a ser aquela peça, e, claro, se eu poderia ir pra casa sem a presença da mesma nas entranhas do meu carro. Era uma haste sólida e cilíndrica, com encaixes redondos de borracha nas duas pontas. O taxista olhou, reolhou, mirou de encontro à luz de um poste, e finalmente disse que não fazia a menor idéia. Das duas uma: se um taxista não sabe o que é, ou não há de ser nada ou o caso é muito grave. Optei pela primeira opção e fui dirigindo, muito ressabiado, a 40 por hora no máximo de volta pra casa.

No outro dia fui numa oficina perto de casa e o mecânico me disse que se tratava de uma rebimboca da parafuseta. O nome não era bem esse, era um pouco menor, mas também terminava em "eta". Calma, maliciosos, não estou omitindo o nome da peça por pudor, é que eu esqueci mesmo. Só lembro que ele disse que tinha a ver com a estabilidade do carro, e que eu poderia andar normalmente, só iria perder um pouco a estabilidade na roda esquerda, que eu não fizesse nenhuma viagem longa, mas que pra rodar na cidade não traria maiores problemas. Desde então eu ando com esse cilindro metálico no painel do carro, que é pra me lembrar de ir mandar botar outra. Se os caras se deram ao trabalho de fabricar, deve ser importante para alguma coisa, afinal, fabricantes de carros não são chegados a adereços supérfluos, pelo menos não na parte mecânica. Toda vez que eu vou fazer uma curva para a direita, que é quando eu preciso de estabilidade na roda esquerda, ela fica de lá me olhando, só esperando o momento da tragédia, para finalmente me dizer:
-Eu não disse?

1 Comments:

Blogger Mandrey said...

vai na oficina que fica no comecinho do cais zé mariano (na frente do Imip). Tem um escudo enorme do Santa Cruz, mas tirando esse defeito o mecânico é bom.

1:19 PM, abril 23, 2008  

Postar um comentário

<< Home