quarta-feira, setembro 21

QUEIXO DE VIDRO

Todas as vezes que me vejo envolvido no processo de me apaixonar por alguém, inevitavelmente me vem à mente uma luta de boxe. Não uma luta de boxe qualquer, mas uma bastante específica. Em 10 de fevereiro de 1990, em Tóquio, James Buster Douglas derrotou Mike Tyson em 10 assaltos, deixando o mundo e a si próprio perplexos. É provável que ninguém tenha ficado milionário na bolsa de apostas, pois ninguém apostaria num loser total como Buster Douglas. Talvez um ou outro lunático. Foi o Íbis ganhando da Seleção Brasileira, e de goleada, uma manada de zebras.

The tale of the tape: Tyson chega ao ringue simplesmente com a reputação de imbatível, máquina exterminadora, não havia perdido ainda uma luta pra seu ninguém, e ganhou muito poucas por pontos, a maioria por nocaute e logo no primeiro assalto. Buster era um zé-ninguém, mais um sparring pra Tyson nocautear em trinta segundos, se muito. Pois Buster foi se agüentando por ali, Tyson foi perdendo a paciência e a concentração, lá pelas tantas Buster começa a cutucar a fera com vara curta e a fera em vez de reagir começa a bambear. Pléin! Salvo pelo gongo. Mas outros assaltos se sucedem e Tyson não é mais o mesmo, acordou meio atravessado nesse dia, o fuso horário, sei lá, só sei que no fatídico décimo assalto Buster acerta um cruzado de direita, mais um direto de esquerda, um gancho de direita e Tyson finalmente dobra os joelhos e se apóia nas cordas, encaixa um upper cut no queixo e está consumado: bilhões de telespectadores vêem estarrecidos o Iron Man ser nocauteado e perder o título unificado de campeão mundial dos pesos pesados.

Pois bem, uma busterdouglazinha qualquer entra de mansinho no nosso ringue, você nem olha direito pra ela, ou olha só porque ela é bonita, mas e daí, mulher bonita toda festa tem uma dúzia, mas ela vai flutuando no ar como colibri e picando feito abelha, olha só, até que tem um narizinho bonitinho(jab de direita); puxa, que pele macia e cheirosa (jab de esquerda), que mãos bem feitas (punch no fígado); acho que ela ficou linda de cabelo amarrado (gancho na nuca), ih, falou besteira! (Pléin! Salvo pelo gongo!); hum, mas pensando bem eu também falaria isso (clinche); epa, mas não só acusou o golpe que falou besteira como fez todo mundo rir dela mesma (cruzado no tórax); é inteligente, bem-humorada e tem jogo de cintura (combinado de esquerda e direita fazendo o pêndulo); uau, que pernas (cruzada de direita sobre a esquerda); ai,ai, ai, tem uma voz linda e está sorrindo pra mim (direto de direita, voa o protetor bucal); nossa, que olhar cativante (direto de esquerda, abre o supercílio); caramba, nem precisava ter uma bunda bonita (gancho abaixo da linha de cintura, dobra os joelhos e se apóia nas cordas) não posso mais viver sem ela (upper cut no queixo, beija a lona e joga a toalha). Pléin!

9 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Pombas, esse anônimo quebra a corrente...

Achei linda essa sua descrição. Vou até passar a assistir boxe com mais atenção. E claro, também muito romântico tudo isso, né? É ruim mas é bom.

8:56 AM, setembro 21, 2005  
Anonymous Anônimo said...

Hehe :P
Pega ela, pega ela.

2:10 PM, setembro 21, 2005  
Blogger Blogart said...

Vivo deletando esse malanônimo aí.
Pois é, tá vendo, Mardy, os brutos também amam. Shaaane!

xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

Não há a quem pegar, Bia, essa é uma descrição vaga e generalizada do processo. Faz parte daquela série "Se apaixonar é uma decisão do cérebro ou do coração?". Foi assim quando me apaixonei por você, por exemplo.

5:25 PM, setembro 21, 2005  
Blogger Blogart said...

NEEEEENNNSSEEEE!!!

10:30 PM, setembro 21, 2005  
Anonymous Anônimo said...

Hihihi Hihihi
Só sei que é um jeito muito macho de declarar paixão. Boxe? :P

10:59 AM, setembro 22, 2005  
Anonymous Anônimo said...

"descrição vaga e generalizada do processo"?????

TÁ BOM, HEIN? ACREDITEI!

e outra coisa:

NEEEEEEEEEEEEEEEEEEENSEEEE. ô juizinho de merrrda. 1 ano e 7 meses com meu cubano.

3:15 PM, setembro 22, 2005  
Blogger Blogart said...

Mas não uma luta de boxe qualquer, mas uma na qual o favorito é pego desprevenido. Poderia ser a parábola da lebre e da tartaruga, mas não tem a metáfora de ir aos poucos minando a resistência.

xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

1 ano e sete meses? tudo isso? Em dezembro vou aí pra acabar com essa farra. Me aguarde.

xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

Debbie, mais Bogart do que isso só se eu me mudar pra um bar em Casablanca.

9:14 PM, setembro 22, 2005  
Anonymous Anônimo said...

Que post liiiiiiindooooo! Tu sabes que sou uma apaixonável babaca e inveterada, né, adorei!
Gostei tanto que quase fiquei torcendo pelo desfecho! rs...
Beijoca criminoso!

10:57 AM, setembro 24, 2005  
Blogger Blogart said...

Hahaha! :************

2:10 AM, setembro 25, 2005  

Postar um comentário

<< Home